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domingo, 2 de janeiro de 2011

Lições da natureza


Em um dia de outono,
Sentei-me diante de meu jardim e fiquei a
Observar as folhas mortas que caem com
O balançar do vento.
Até na natureza Deus dá chegadas e partidas,
Oportunidades de idas e vindas.
Folhas mortas...
Enquanto foram vidas em folhas,
Quanto se enroscaram umas nas outras no
balançar do vento.
Quantas derrubadas antes do tempo
Da mão que poda,
Que as retira de seu habitat natural,
Ou quanto enfrentaram sol, tempestade,
Vento agarradas em seus galhos.
Apenas folhas...
Folhas com destino, afinal tudo é vida.
Verdes a principio, amareladas,
E com o tempo caídas...
Adubo de novas e outras verdes vidas.
E sentado diante do jardim continuo a observar,
Deparando com uma trilha de formigas que
Passam diante de mim.
Uma fila destes minúsculos insetos vem
Colaborando com sua comunidade,
Em busca de suprimentos aguardando o
Inverno que está a chegar.
Trabalham arduarmente,
Somam para depois dividir respeitando
A lei da sobrevivência.
Todas as formigas carregam pequenas folhas
Seguindo para o mesmo endereço.
Noto que uma delas tem um enorme fardo,
Maior do que pode carregar,
Um pouco anda e um pouco para,
Tentando conseguir forças para prosseguir.
Porém uma de suas companheiras sem
Carga nas costas nota o imenso esforço,
E vindo do final da fila coloca-se
A andar rapidamente,
E vem socorrer sua exausta semelhante.
Seria intuição?
Inteligência, para tão pequenino inseto?
Onde teria aprendido a solidariedade?
Esta coloca-se ao lado da companheira
E juntas dividem o peso caminhando no
Mesmo compasso lado a lado,
E eu ali diante de meus olhos vendo
Esta cena acontecer,
Logo penso o quanto tenho que crescer.
Sou menor que estes pequenos
Insetos sem cérebro
Sem coração sem emoção.
Seguem as duas até o local do deposito
E entram no ninho e somem diante
De meus olhos.
Acompanho o restante da longa
Fila que vem atrás,
E me levanto.
Olho para o céu e me pergunto:
Quem somos nós?
Tantos mestres, tantos gurus,
E ainda nem sabemos repartir,
Nem dividir o peso da vida com
Um desconhecido.
Muitas vezes nem ao menos com aqueles que
Nos dão "Bom Dia" todos os dias,
que dormem no mesmo teto e temos
Como companhia.
Encontrei sabedoria, solidariedade, harmonia,
Lição de vida em um pequeno jardim.
Olho para o radiante sol e reflito:
Folhas mortas...formigueiro...
Nunca ouvi o gemido das folhas caindo quando
Chegam ao seu fim,
Nunca ouvi o lamento das formigas
Trabalhando horas a fio,
Caminhando longos trechos,
Desviando de vários obstáculos.
Abaixo de nossas pés se esconde uma enorme
E grande sabedoria.
Aprendi que de vez em quando devo me
Abaixar e observar,
Antes de olhar para o alto e clamar.
Eu, um ser pensante, dotado de coração,
Voz, sentimento, razão.
Pequeno diante da sábia natureza.

TEXTO: Cora Maria

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