Era uma vez uma linda indiazinha que saiu a procura do Senhor de sua vida. O procurou nas aldeias, nas cidades, nos campos e nas instituições. Cansada e triste, foi parar numa praia desconhecida. À sua frente, o mar cheio de sucatas, lixo depositado, poluição. Ao longe, uma ilha quase afundando. Uma parede de contenção muito velha separava o mar de uma terra seca, rachada pela falta de água. A parede de contenção apesar de velha estava sendo guardada por soldados, todos fardados e com armas nas mãos. A ordem era: a água não pode molhar a terra. Daqui ela não passa. A terra aparentava ser fértil, mas estava morrendo de sede. O sol era quente demais.
Foi então que a indiazinha se concentrou e pediu ao Grande Espírito que a orientasse. Depressa apareceu um homem de olhar brilhante, amoroso e sedutor, aparentando muita disposição. Ela perguntou: “Quem é você?” Ele respondeu: “Eu sou o filho da luz. O grande Espírito que você ouve cantar ao soprar dos ventos e que faz a vida palpitar no universo imenso, me enviou”. “Filho da luz, que poderemos fazer com tudo o que vejo?” Imediatamente, Ele retirou do fundo do mar o lixo depositado, foi reciclando e transformando tudo em adubo, assim também fez com o murro de contenção e com tudo o que era velho. Os soldados todos de olhos arregalados aguardavam em filas. O filho da luz chamou o primeiro soldado que se apresentou fazendo continência: “Sargento preguiça, às suas ordens!?!” O filho da luz disse: “Tu serás transformado num cavalo que irá arar a terra”. Continuando, chamou o segundo: “Soldado prudência, sentido!” Tu irás cuidar da seleção das sementes. Não permitas que os carunchos as estraguem. Quero todas de qualidade e com muita variedade de espécies”. “Quem mais?”Tenente Coronel Medo, sentido!”Tu cuidarás para que o mar não invada a terra, manterás o limite entre ambos. “O próximo, por favor?” Comandante Perfeição” “Tu arrancarás as ervas daninhas e impedirá que os insetos do mal entre no jardim”. Para a surpresa do filho da luz e da indiazinha, entre o comando da resistência tinha se incorporado figuras que, descontentes se tornaram reféns da guarda. Mais que depressa e com voz trêmula, de farda e tudo, se apresentaram. Eram, a ternura, o amor, a beleza e a bondade. Então o Filho da Luz disse: “Quando o exército da resistência é grande e bem alimentado, domina as outras forças”. Então, carinhosamente Ele ordenou: “Ternura, você cuidará do humor do jardim. Organizará uma orquestra e um coro para cantarolar e manter viva a vida do jardim. Amor, você cuidará da fertilidade da terra, do calor do sol, da chuva e do soprar dos ventos. Beleza, você cuidará das cores, da harmonia e do perfume do jardim. Bondade, você orientará o coração desse jardim para que nunca falte esperança, partilha, desejo e generosidade entre todos os que aqui residem”. Então, o Filho da luz olhou para todos os lados e perguntou: “Tem mais alguém? Em seguida, sai uma voz detrás de uma pedra: “Oi? Você falou comigo?” Era a distração. De tão distraída nem percebera as mudanças ocorridas. O Filho da Luz disse: “Já sei! Você será o pára-raios dessa região, ficarás atenta às possíveis trovoadas e atrairá para você todos os raios”. Finalmente Ele olhou para a indiazinha e disse: “O teu limite é, de um lado o mar, do outro o horizonte. Você é a dona desse lindo jardim, abra-o para acolher a todos. Cuide e oriente os soldados para desempenharem bem as suas funções. Reuna-os, no mínimo, a cada estação do ano. Em cada uma delas existe uma beleza ímpar que precisa ser compreendida e amada. Curta o teu Jardim! Viva a felicidade de ser única e especial!”.
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